o grande nada

Pensamentos, confissões, teorias, dia-a-dia. Palavras palavras palavras. E o que mais...? Só. No fundo é só isso e mais nada. O que significa?

Wednesday, June 30, 2004

Às vezes eu ando por aí... sem ter um porquê nem nada em mente, eu só ando, na rua, calmamente, olhando, pensando, sentindo. Numa dessas vezes fui parar numa biblioteca. Grande ela, vazia, fria, cinza. E grande. Livros, algumas pessoas, as paredes de concreto, estantes, mesas e... ele.

Foi engraçado. Sentei pra ler e só via ele, sentado, lendo, escrevendo, compenetradíssimo. Alguma coisa naquilo me fez não querer sair dali nunca mais, mas eu saí, meio que fascinada por aquela figura. Os dias passaram e eu me vi vagando por aí mais uma vez. Os passos, um depois do outro, me levaram pra lá. E ele, mais uma vez.

Engraçado de novo. O mesmo casaco azul-claro, os mesmo óculos concentrados, o mesmo cabelo e o mesmo resfriado. Tive a impressão de que ele me viu. Vergonhaa... eu bem menina-boba mesmo, me escondendo atrás de alguma página, ele do jeitinho sério dele, tão na dele que só ele mesmo. E fui embora de novo.

O mais engraçado é que essa situação se repetiu mais algumas vezes. As ruas é que me levavam lá, e eu até tentava, juro que tentava, mas não conseguia estudar, ele acabava sendo uma distração muito grande. Culpa da gola alta do casaco, ou dos seus óculos de cara seguro. Então eu escrevia... mas era meio frustrante, nenhum texto que eu pudesse pensar se comparava aos milhares de átomos pulando e girando dentro de mim. Aqui dentro, girando e pulando e cantando baixinho... gostoso...

Eu tinha esse plano: um dia, quando eu conseguisse concluir o poema ou resolvesse mostrar algum dos textos pra ele, eu ia entregar o papel quando eu estivesse saindo. Só isso. Eu ia levantar, tirar a folha do caderno e colocar sobre a mesa dele. Sobre o livro dele. E ia sair. Não diria nada, porque eu não teria o que dizer, estaria tudo lá e pronto. Nenhum PS no final com o meu telefone ou um bilhetinho tonto, nenhuma assinatura, só palavras pessoais e, com sorte, poéticas o suficiente para que mudassem alguma coisa nele.

O que não é muito engraçado é que eu nunca consegui fazer o tal texto, nada ficou bom o suficiente, então agora só posso esperar que ele ainda esteja lá em agosto. E que eu consiga. Esse é um daqueles planos que eu preciso realizar antes de morrer. E precisa ser com aquele cara. Bom...

Monday, June 14, 2004

Às vezes se eu me distraio, se eu nao me vigio num instante, me transporto pra perto de vc, já vi que nao posso ficar tão solta, me vem logo aquele cheiro que passa de vc pra mim num fluxo perfeito. Enquanto vc conversa e me beija ao mesmo tempo eu vejo as suas cores no seu olho tão de perto. E balanço devagar, como quando vc me embala o ritmo rola fácil, parece que foi ensaiado. E eu acho que gosto mesmo de vc, bem do jeito que vc é (...) Adoro essa sua cara de sono e o timbre da sua voz fica me dizendo coisas tão malucas e que quase me mata de rir quando tenta me convencer que eu só fiquei aqui porque nós dois somos iguais. Até parece que vc já tinha o meu manual de instruções pq vc decifra os meus sonhos, pq vc sabe o que eu gosto e pq quando vc me abraça o mundo gira devagar. E o tempo é só meu, ninguém registra a cena, de repente vira um filme todo em câmera lenta. E eu acho que gosto mesmo de vc bem do jeito que vc é. - De novo, não tem nada a ver com a minha situação, mas nem ligo, ó! É bonitinho e eu queria cantar isso pra sempre. Não, queria ter escrito isso e escrever coisas ainda mais calminhas e lindinhas. Mas ao invés eu copio a letra da música de uma mulher que eu nem gosto direito e fico comentando que nem uma tonta qualquer, num blog qualquer, numa segunda-feira qualquer.
E ritorno da te nonostante il mio orgoglio... - Não tem relação nenhuma com nada da minha vida, só que eu tô com ela na cabeça e não sei mais o que fazer pra esquecer. Pelo menos eu sei ela de cor, só que não sei escrever tudo.

Hummmmm..... coisas na minha cabeça nessa manhã de segunda-feira sem aula: preciso fazer academia, preciso aprender italiano, preciso dar aulas de inglês, preciso estudar pra prova de sociologia, preciso fazer as milhares de lições e francês e preciso escrever um texto bom, pq ultimamente o blog tá meio desamparado. E preciso, principalmente, parar de escrever posts sobre a minha rotina, pq senão isso vai virar "O Diário de uma Menina Mal-Humorada (e seus dias ruins também)"

Tuesday, June 08, 2004

Querer é poder, pequeno gafanhoto, já dizia o mestre.

Nem lembrava dos desejos de ontem e hoje consegui a minha manhã de desprendimento total. Resolvi ver quanto tempo demorava a pé da PUC até o largo de pinheiros. Demora um pouquinho, sabia? No meu caso, demorou umas... 5 horas e pouco. Mas isso é escala de mim mesma, o que inclui momentos de ritmo acelerado, de contemplação ao sinal vermelho, e visitas, inúmeras visitas... biblioteca, cemitério, brechós, sebos, livrarias e cafés. Sim, acho que foi nessa ordem.

Mas... engraçado... hoje foi um dia de dentro. Eu lá fora, extremo contato com todas as pessoinhas e com o trânsito e o ritmo paulistano, sentindo tudo aqui. E odeio tentar explicar, porque fica redação-de-segundo-colegial demais.

De qualquer jeito, queria contar do mesmo cara sentado no mesmo lugar do mesmo jeitinho que eu tinha deixado ele há duas semanas, e do aperto que me deu não poder tocar naquela cena, e das lágrimas inexplicáveis no cemitério, ou da dor infundada que veio seguida de um alívio que foi batendo, porque eu não preciso de cura nenhuma. Também queria contar do depois, da análise de tudo isso, da praça tranquila, da mesa tranquila, das folhas de papel gastas na tentativa meio fracassada de botar tudo em palavras, do menino guardador de carros que merecia a atenção ininterrupta do olhar despreocupado alguma outra vez, e do engasgue sozinha, mas não só... do caixa do "mais água?!!" e do "obrigado moça", e depois da volta semi-desesperadora, da solidão do enjôo no meio de cinquenta mil pessoas no calor do ônibus lotado e na metade do caminho... e de chegar em casa. Acho que nunca estive mais feliz por chegar em casa.

Mas não vou explicar nada não...

Bom... agora não tenho mais a dor inexplicável nem a tranquilidade em meio ao caos, nem a felicidade nem o medo nem o alívio. Sim, fica um pouco do alívio e da tranquilidade... agora tenho a intangibilidade do observador de fora de cenas que já se foram.

êê papinho de pseudo-poeta metido a besta. mas tô sem saco pra mudar.

Monday, June 07, 2004

Aiaiai... vontade de ter a minha vida de Holden Caulfield por uns tempos... me desprender de tudo, simplesmente, andar por aí, chamar uma prostituta no meu quarto e não transar com ela por causa de tudo em que o ato de pendurar vestido dela me fez pensar, ou de perguntar para taxistas estranhos para onde vão os patos do laguinho quando chega o inverno. Vontade de não ter que me explicar por não ver sentido em nada, por não fazer sentido, por não ligar para o sentido universal das coisas.

Friday, June 04, 2004

texto de dois anos atrás, até esse momento perdido na rede:

"Po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia, po-esia..... Seria Poesia???" Como eu amo o Cascão....

O silêncio rumorejante da unidade central de processamento abstrai sua mente para o exterior. O exterior ainda interno de seu domínio. Um domínio tão amplo que jamais percorrido por inteiro. Um domínio por lei, por conhecimento geral, mas não por vivência, não por mérito próprio. Um domínio indomável. Lá sua mente, forte, brava, vazia. Lá sua mente martelando no desconhecido. Lá uma mente sincera, inocente, criança pequena e curiosa. Lá queria estar seu corpo. Lá. Aqui. Sonho. Realidade.


Então acorda de seu devaneio. Duas palavras surgem do absoluto nada. Sort of. Como? sort of. É? sort of. Busca resposta, que obviamente não está lá. Está na sua frente. Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, "Tec.: Superfície de armazenamento eletrostático de um tubo de raios catódicos mediante a qual a informação é visualmente apresentada. Constitui o dispositivo utilizado para exibição de dados num terminal-vídeo (q. v.).". Será? Duvidoso, improvável, incacreditável, mas fato. A mente se põe no proibido. O proibido. Palavra libidinosa. As maiores punições junto aos maiores prazeres. Tentação. Fruto proibido. A questão moral implícita em seu subconsciente.

sabedoria popular

Hoje foi definitivamente o dia do seu Severino. Pra quem não tem a sorte de pegar o Barra Funda-Pinheiros lá pelo meio-dia e meio, eu explico: seu Severino é o cobrador desse ônibus, o senhor que tá sempre sorrindo e sendo simpático com todos os passageiros. Como eu dizia, hoje ele tava inspirado. Umas senhoras entraram e de algum jeito a discussão virou sobre a simpatia, sobre ser feliz. O motorista, o dos óculos escuros de policial de série dos anos 70, insistia que era praciso ser simpático com as pessoas, daí me vira o Severino e diz que ele sorri muito. Até aí é impossível discordar, é verdade mesmo. Mas ele continua: diz que sorri muito porque é feio, se fosse bonito não precisava não... adorei essa! Daí ele começou a falar de um cara do programa Silvio Santos e o assunto regrediu, não prestei mais atenção. Mas acho tão sábio isso...
Depois teve mais coisa, ele começou a proclamar umas quadrinhas populares muito engraçadas, que eu já esqueci, e concluiu falando sobre o amor e a felicidade de um jeito que nem o Pequeno Revolucionário conseguiria superar depois de ter fumado todas. O seu Severino é o cara!