o grande nada

Pensamentos, confissões, teorias, dia-a-dia. Palavras palavras palavras. E o que mais...? Só. No fundo é só isso e mais nada. O que significa?

Monday, May 08, 2006

Ela me pediu para escrever, não adianta... não adianta fugir ao grande nada que me cerca sem cessar. Ela me pediu para escrever e disse que l'âge me va bien. A idade me cai bem, como se eu tivesse uma (não comecemos sobre o pó das estrelas de novo e as risadas subsequentes, por favor). Devem ter sido as olheiras, ou a minha calma pós-tudo.
Mas gosto dessa idéia... da idade me cair bem, de eu ter alguma, dos anos terem passado sem que eu percebesse e que uma conhecida, depois de muito tempo, visse isso em mim. Mesmo que não seja no hall de um hotel na França, depois de duas décadas longe da Indochina, a idéia me pareceu bonita e confortável.
O tempo não existe, eu não canso de dizer, ele não pode existir, é absurda demais a idéia dele. As coisas mudam, sim, mas porque é assim que funcionam. Tudo tende a voltar para onde veio. Por isso as peças quebram e nós morremos. Por causa do pó. hah. Que idéia mais engraçada...Uma conhecida de há muito tempo, de uma vida que eu não tenho mais, de viagens, livros, traduções, textos e ruas de terra lindas de morrer onde eu descobri a prova da indubitável existência de um ser superior. Uma vida onde a visão dos meus pés andando e o chão abaixo deles seria a mesma em uma rua do interior de São Paulo, do centro de São Paulo ou de uma cidade de meia dúzia de habitantes no meio do nada francês. Ou em uma rua de outro país qualquer. E nem o calçado faria muita diferença.
Talvez a minha visão dos pés seja a mesma ainda hoje. Mas eu parei de olhar.