Eu vou ter uma coleção de guarda-chuvas e morar em algum lugar em que eu use eles. junto com o vestido e os casacos que herdei. vou andar, escrever, olhar e sorrir para crianças por aí.
Não, tudo isso tá meigo demais.
Vou é... é... é... ensinar whatever para quem pague por aí, ter uma agenda cheia de papéis entre todas as páginas, uma sala cheia de objetos de viagens pelo mundo todo, e livros de astrologia chinesa que dizem a Verdade.
Ou ter um armário pequeno e azul que guarde vestidos velhos e coloridos. e usar calça de moletom cinza, regata e meias cinzas sentada no chão de um apartamento no centro de uma cidade pequena, olhando pela janela e escrevendo (com fumaça ou sem) uma letra intimista. que alguém chamaria de abstrata. rindo desse termo por dentro.
Usar o batom que comprei ontem. sempre.
Ler só o que eu quiser, ver os meus filmes, e nada mais, me formar. e provavelmente nunca mais ligar pro ensino formal. que emburrece tanto as pessoas que faz elas não perceberem isso.
Conversar ouvindo o sotaque perfeito, cristalino, tão bonito que dá vontade de chorar e levar pra casa de qualquer atendente de cafeteria.
Sorrir todos os dias e cuidar, cuidar, cuidar, sorrir, conhecer tão bem porque é lá em casa, dar a mão. ser feliz assim, com as coisas bobas, o jeito que ele acorda, o cachorro quente na porta do metrô, os planos, a chave, coisinhas assim. ser feliz assim pra sempre, mesmo que chorando ou tendo surtos irritados. porque as coisas são assim, não há como evitar, os dias são assim.