o grande nada

Pensamentos, confissões, teorias, dia-a-dia. Palavras palavras palavras. E o que mais...? Só. No fundo é só isso e mais nada. O que significa?

Friday, March 05, 2004

Acho incrível observar a comoção das pessoas em shows. Eu mesma já derramei algumas lágrimas em algumas músicas, mas isso foi em músicas intensas, de jazz, sentada numa platéia, viajando numa parte instrumental.

Mas tem gente que chora em show de rock, no meio da muvuca, ao som de algum single que provavelmente traz a lembrança do ex-namorado com mau-gosto musical, ou daquela dança, ou da festa de sei-lá-quem... enfim, tem gente que não tem vergonha na cara mesmo!

Eu gosto muito de Los Hermanos. Acho que é uma banda séria, que inovou muito no cenário musical brasileiro, consegue unir o bom da MPB a vários ritmos novos, junto a letras brilhantemente cotidianas e um quê retrô. Mas eu duvido muito que conseguisse chorar num show deles. Tem um clipe, acho que é de "O Vencedor", que mostra a platéia num show deles. E é lindo... a emoção das pessoas, que sabem todas as músicas de cor, ou se não sabem, chutam alguma coisa, mas com a maior empolgação. Tem o cara que fica de olhos fechados balançando a cabeça, o casal apaixonado se abraçando e cantando, a mulher que fica mexendo o braço acompanhando a bateria, e a outra nos ombros de alguém com o guarda-chuvas. É bonito ver isso.

Então... hoje vi isso de perto, num mini-show dos caras na Fnac. Gente muito muito engraçada. A tal nata cultural jovem da Vila Madalena, sabe? Nada contra, mas acho hilário olhar pra pessoas que se acham muito únicas e diferentes todas juntas, e que assim acabam não passando de um estilinho, assim como as patricinhas e os clubbers e os rappers e os punks. heh...

Bom, mas o que captou a minha atenção de verdade foi a emoção de um cara que tava sentado na platéia. Eu cheguei uma hora e meia antes, e fiquei lá fora sem ver quase nada, então o cara deve ter chegado no mínimo 2 horas e meia antes pra conseguir aquele lugar. Mas dá pra entender, porque, afinal, era de graça... O cara da platéia: tava sentado, usava a barba e o cabelo iguais aos da banda (o que não era raro no pessoal de lá) e tava cantando de olhos fechados, meio que dançando com a cabeça e os braços, sabia cada batida de cada música e dava pra ver que aquilo era mágico pra ele. Foi quando ele enxugou algumas lágrimas, em meio a "Sentimental", parece que eu fui a única a notar, e foi lindo por causa disso. Não importava a banda lá na frente, as pessoas pulando, o lugar pequeno fechado e superlotado e nem o mundo lá fora. O importante era aquele momento pra ele, a música, a sensação de estar lá e de se sentir vivo.

Foi bonito, apesar de estranho.

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