De repente me deu uma visão, um insight do meu futuro, sei lá. Me vejo num apartamento fechado com carpete marrom, sentada no chao, com uma calça moletom azul marinho, meias brancas e gostosas, uma regata como a que eu to usando agora, fumando um cigarro, com um cinzeiro ao meu lado, olhando pela janela, que é daquelas que ocupam a sala inteira, de um jeito antiquado, nao moderno. Eu seguro um caderno na mão e escrevo a letra de uma música autobiográfica e me sinto angustiada, mas bem com isso, como se me aliviasse. Eu sei que tudo nao é tao ruim assim, mas também sei que a minha cabeça transforma meus problemas em dilemas mortais e escrevo sobre eles. E essa é a minha vida, escrever pra me sentir melhor e ter uma cantora mediana pra cantar minhas músicas, melhor, minhas palavras, mas toda vez que ouço elas, volto ao ponto de partida e lembro de tudo. E eu sobrevivo com isso, nao tenho muitas ambiçoes na vida, moro em algum lugar no estilo sao francisco e me viro por lá. Leio, saio, vivo em cafés, tenho meus amigos.

Cara, que visão mais... perturbadoramente eu. Nao sei o que dizer sobre isso.

O detalhe de eu nao fumar e nao suportar isso me incomodam mais que tudo. Tenho sonhos recorrentes com isso, mas nao faz sentido.